sábado, 29 de dezembro de 2012

Finalmente acabou.

Estamos de férias e é por isso que não temos escrito nada para aqui.

Isso e porque somos calões.

 E porque como todos os grandes grupos recheados de fama e sucesso, estamos sob o efeito de álcool e de drogas.

E porque provavelmente nos vamos separar.
Eu apresentarei "Afinal a Rita Pereira já gosta de mim mas ainda guarda ressentimento" (título que roubei a Pedro Oliveira mas que vamos dizer que fui tudo ideia minha, mesmo que ele me leve a tribunal), Geadas viverá na miséria sem ninguém (risada maléfica), Pinela irá realizar um documentário sobre as suas aventuras no programa, intitulado "A vida de uma banda - ser escravo ou ser escravo, é a única opção", André Dias, um dos nossos escritores, fará uma crítica sobre o quão grandes são os títulos dos nossos projectos mas morrerá assassinado (porque eu não tolero críticas) e por fim, eu outra vez, serei rico e famoso, mas morrerei aos 27 anos, como morrem as estrelas fixes.

E é tudo.

Bom 2013 para os que merecem e não merecem.


Duarte Henriques

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Cheirinho a podcast...

Começo a escrever com um cheiro intragável que me chega às narinas! 'Já chegou ao Pinhal Novo', diz o Vasco. Riem-se os outros. Os que mandam. Ou pensam que sim. Entre peidos e arrotos, táxis e sanitas, aqui fica um cheirinho do que se avizinha! Agora vieram os pelos do cu! Solidão? A cagar defende-se o Vasco. Agora com almofadas. Na sanita porque fica fria! Não se pode comparar Duarte! Isso é comparar javardice com... Passaram rapidamente para idas ao shopping. E para gaivotas! Não chamem Otávio aos vossos filhos, aconselha o Vasco. Agora conta que estava a cagar em cima duma laranjeira. Com a avó a caminho para pegar umas quantas. Estava à porta. O cagalhão, claro. Foi digno de Matrix. Caçadores e formigas?! A sério Vasco? Esqueceu-se... Armaduras de esmeralda e jogos online é uma epidemia diz o Vasco. Tinha uma namorada. Mais velha, ah pois. Estava com outro. Foi ver 'se estão a foder para ver se fico fodido'. Estavam a jogar world of warcraft. Desperdício de tempo. Ai ai Vasquinho. Ribatejo. Fugaça? Careca? Random words! Vingança? Dar com mais força? Acalma-te Vasco então? O Geadas nunca viu o Kill Bill? Homework son! Grande Tarantino! O Geadas leu anita. O Duarte não. Pílulas e mães adolescentes. A anita teve disso. Pi-(lu)-la! Aqui não se aprende nada, mas entre peidos e arrotos, fica um cheirinho a podcast!

domingo, 9 de dezembro de 2012

A problemática da osculação

A primeira rapariga que eu beijei na boca chamava-se Verónica – triste facto que ainda hoje não ultrapassei, visto que este nome se trata duma foleira versão dum outro a que associo gajas boas a toda a hora, Mónica. Era de manhã, numa sexta-feira (sim, eu apontei o dia num gesto comprovador da minha heterossexualidade perante o Mundo) e estava tudo combinado, íamos beijar-nos na boca. E assim foi, encostámos os lábios e pronto. Passado esse momento, dei logo conta de que era facílimo dar beijos daquela forma e que não havia nada de adulto naquilo, aliás, era como dar beijos na cara, só mudava o sítio onde se dava – parvoíce minha, evidentemente. No dia seguinte, uma amiga dela vinha, como intermediária, ter comigo para me fazer uma pergunta embaraçosa demais para ser a própria Verónica a fazer: “Que é que dizes a um beijo na boca, mas com língua?”, ao que eu respondi com cara de parvo: “Que javardice é essa? Eu não sei fazer isso e parece-me nojento. Que é que eu vou fazer com a língua dentro da boca dela?”. Enfim, perguntas filosóficas próprias da tenra idade. É então que, esquecendo-me de que a minha amada não tinha sido informada de que não era suposto o beijo cheio de cuspo ter lugar, vou para lhe dar um beijo dos normais, enquanto ela abre a boca disposta a devorar-me toda a cara. Já se está mesmo a adivinhar, não está? Pronto, eu digo, dei-lhe um beijo na língua. Passou-se o tempo necessário para eu conseguir voltar a olhá-la, ainda que de soslaio, ou seja, cerca de duas semanas, e acabei com ela. Deste episódio tirei a resposta às tais perguntas filosóficas que havia feito, anterior e retoricamente, à amiga da Verónica. Que javardice é essa de beijos na boca com a língua? (Suspense!) Como, por si só, a pergunta já sugere: essa javardice de beijos na boca com a língua trata-se de… javardice! E o que é que eu vou andar a fazer com a minha língua dentro da boca doutra pessoa? Bem, esta resposta, é já mais complexa na sua resposta, mas nos dias de hoje, eu responderia que são movimentos dum músculo molhado que deambula descoordenadamente em busca duma Mónica qualquer!

sábado, 8 de dezembro de 2012

O Péssimo Anfitrião

As minhas qualidades de anfitrião sempre deixaram muito a desejar.
Já foram algumas as vezes em que recebi convidados todo nu ou em cuecas. Mas também, como sou homem e daqueles bem machos, descendente de africanos, que dá os parabéns à sua mãe todos os dias pelo trabalho que fez e que não tem vergonha nenhuma de andar ao som da liberdade e do badalo de um lado para o outro não há problema. Se o possível leitor conhece-me então neste momento está-me a imaginar nu. Se não está, devia, porque sou muito giro.
No entanto, concentremos-nos no tema que vos aqui trouxe, que é o facto de eu ser um péssimo anfitrião. Como não sou parvo nenhum, ainda vivo com os meus pais. É certo que isso dá discussões constantes e imposições do género: "tens horas para chegar a casa";"estás de castigo";"bláblá";"patapati patatapá"; Chego a uma altura em que já não oiço. Enfim, pais a tentarem ser pais, tão século XX. Mas tem as suas vantagens, uma das quais é um ordenado constante por ser um bom filho. Há quem diga que é mesada e há quem diga que é só ordenado por ser um filho razoável. Eu gosto de acreditar que sou um filho fantástico. Aliás cada vez que deixo algo por fazer que devia ter feito lembro-me do Pedro Abrunhosa e da sua música "Vamos fazer o que ainda não foi feito" e urino-me a rir, por pensar "nem penses", pois sei que eles vão me desculpar e dizer: "Damn, que rico filho!".
Bom, mas voltando ao eu ser anfitrião. Não ofereço nada para comer nem para beber. Aliás, muitas são as vezes em que simplesmente apareço a comer ou a beber alguma coisa e não ofereço nada. Nunca digo "estejam à vontade" ou "mi casa es su casa" porque sinceramente, sou aldrabão mas não sou assim tanto. Não vou oferecer a escritura da casa a cada pessoa que lá entra. Ridículo.
Convido amigos cá a casa porque sei que quem paga o que é consumido ou quem limpa o que é sujo não sou eu. "Grande lata!" poderão dizer uns. E eu digo "Azar!". Mas quando os convido, não faço aquela viagem de rotina pela casa toda dizendo "Aqui é a sala, aqui é o quarto". Simplesmente abro a porta, cumprimento, fecho a porta, vou para o meu quarto e deixo os convidados desamparados e à sua mercê. "Encontrem eles o quarto ou casa de banho". O que pode ser um perigo e causar roubos. Aprendi isso da forma difícil e nunca mais vou convidar gente que não conheço de lado nenhum.
Outra das maravilhas de ter pais em casa é que podem eles entreter os convidados que eu convido. Convido convidados. Muitas são as vezes em que à mesa de jantar, simplesmente me canso e vou para o meu quarto dormir enquanto os meus amigos ficam na sala a falar com os meus pais. "Não tens medo que os teus pais contem segredos teus?" certamente perguntam. Não meus caros, eu sei coisas dos meus pais que eles não querem que ninguém saiba. É um jogo que eles nunca vão arriscar a jogar comigo.

Ass: o vosso pior pesadelo

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Uma Ode Redonda

Esta é uma história sobre aquele dia frio em Estocolmo.
Conheci-a na minha infância. Malmö não era o lugar ideal, bem sei, mas em ocasiões como estas o que é que isso interessa? Apesar de ser muito novo, senti algo que nunca tinha sentido e jamais voltei a sentir. A sensação da primeira vez que a vi foi indescritível, a da primeira vez que lhe toquei incomparável  Poucas palavras há para a descrever. A sua beleza reside na simplicidade, por isso simplesmente digo: ela era linda. Passados tantos anos, ainda hoje o é.
Cresci sempre junto dela. Apesar de por vezes nos termos afastado, arranjei sempre maneira de ficarmos perto. Esperei muito, desesperei ainda mais. Mas nunca perdi de vista o objectivo: por vezes esperar é uma virtude. Até que a oportunidade chegou: tinha-a convencido, a ela e a todos.
Vivemos juntos em Malmö até aos meus 20 anos. Passámos lá bons momentos, mas ambos queríamos mais. Sem nada dizermos um ao outro, ambos partimos. Mas algo se passava: Holanda, Inglaterra, Espanha, Itália... por todos os locais onde passei, lá estava ela. Ao início pensei em perseguição, a ordem de restrição já estava pronta! Mas concluí ser destino... e decidi não o combater.
Nessa altura, ela ficou a meu lado, ajudando-me nos meus sucessos, suportando-me nas minhas quedas. Ela realmente foi a minha salvação das trevas e da ruína.
Por agora, instalámo-nos em França. Não estamos tão juntos como dantes, os nossos tempos áureos foram outros. Por vezes sento-me a olhar para o horizonte de Paris. E pelo meio de todos os telhados e casas iluminadas, penso no que ainda não fizemos.
Admito, há quem te conheça melhor do que eu, quem perceba todas as tuas virtudes e manhas, desafie a tua lógica. Trouxeste-me dinheiro, fama, reconhecimento. Mas falta-nos qualquer coisa, essa centelha genial, esse momento que nos ponha na História que faça a nossa história digna de ser vista e contada. Mas esse momento chegou.
Estava noite em Estocolmo. Tinha uma sensação de que te ia encontrar e de que aquele seria o dia. Tinha razão.
Relva à nossa volta dava o cenário perfeito para a ocasião, muitos e melhores locais já tinham passado pelos meus olhos, mas aquele pareceu-me especial.
Vi-te ao longe, a tua silhueta no ar. E naquele momento lembrei-me de tudo o que nós passámos, de onde viemos e até onde estamos dispostos a ir. E percebi: estava na hora. Corri para ti como nunca, passei por tudo e todos, homens a olhar para mim como se eu fosse louco, como se não valesse a pena. Mas não se enganem, valeu.
Aproximei-me dela, ela recuou após ter levado um encontrão, esperei que ela chegasse a mim, os dois cada vez mais próximos e, naquela fracção de momento, fi-la subir aos céus. Não dei hipótese. Escusado será dizer que, posteriormente, entrou na perfeição.

Esta foi uma história sobre aquele dia frio em Estocolmo. 
Aquele dia em que eu, Zlatan Ibrahimovic, marquei um pontapé de bicicleta do catano contra a Inglaterra.

domingo, 2 de dezembro de 2012

Gajas & Inc.

Então, vamos lá começar! ‘Bora lá, Vasco, tem de ser engraçado. Não fales em desgostos, nem em experiências pessoais que te fazem tirar conclusões super interessantes acerca da grande problemática do sentido da tua própria existência, mais ou menos humana – eu sei que adoras o tema e que nunca consegues verdadeiramente abstrair-te dele, mas tenta, com força, sem deixar escapar gazes. Começa: levaram os cães. Que foi? Não sabem o que é levar cães? Meteram-nos numa caixa que, por sua vez, foi dentro dum porta-bagagens dum carro e levaram-nos. Eram os meus cães. Desde a minha mais tenra infância que os tinha em casa dos meus avós – meio rural, onde as pessoas deixam passar “dissestes” e “fizestes” sem correção e, muitas vezes, sem sequer saberem que o que acabaram de proferir constitui um crasso erro gramatical susceptível de um efeito idiossincrático atroz em qualquer alminha com o ínfimo vestígio inteletual. Chorei muito, é a verdade, para que é que havia de a esconder? Ao choro, seguiu-se uma tanta ou quanta revolta, que me levou a espancar umas tralhas. Resultado: as tralhas não deram sinais de terem ficado afetadas pela minha sova, os meus punhos sim. E com isto apercebi-me, numa mudança de estado espírito a puxar para a atividade introspetiva: “Espera lá, isto doeu. Para que é que me fui a armar em personagem de cinema irritado com a vida e com as suas fatalidades? Está bem que gosto de pensar que tenho aspirações ao mundo do Cinema, mas porra, era escusado ter partido dois dedos e ter deslocado outros dois.” Desta maneira, um pouco ingrata, concluí, foda-se, era amor que eu tinha pelos cães.

Para a minha irmã

Hoje acordei e decidi escrever para a minha irmã. Porque embora não pareça - e note-se que é esse o objectivo - eu de facto nutro um grande amor por esta criatura do submundo. Mas não do género de amor de irmãos que há n'Os Maias, do pequeno Eça. Esse tipo de amor dá-me vómitos. Falo daquele amor fofinho que enquanto somos adolescentes está disfarçado num ódio parvo recheado de discussões e acusações e de divisão de tarefas caseiras chatas.
Bom, por onde começar? Já sei, a apresentação.
Senhoras e senhores, meninos e meninas, sem mais rodeios e disparates, apresento-vos a mestre dos mestres do não posso fazer porque estou ocupada, a licenciada e mestrada em zapping, a rainha das preguiçosas, a profeta dos calões, Marta, que de agora em diante, porque me apetece, se vai chamar Urina Pacova. Já agora este nome é giro.
Há várias pequenas coisas que podem resumir e descrever a minha irmã.
Primeiro, tem um excelente talento para a teatralidade. De facto, muitas foram as vezes que apanhei com o chinelo ou que fiquei de castigo graças às suas falsas birras. Orgulho. Há de ser uma excelente actriz. Ou então não.
Segundo, no que toca a artes dadaístas, ela foi um génio. Na sua infância tinha o hábito de escrever o seu nome em tudo quanto era sítio. O que por um lado era óptimo. Se alguém vinha jantar lá a casa e dizia em modo de elogio - que bonito móvel! - a resposta era sempre - queres antes dizer que bela obra de arte. Hoje ela resume-se a fazer playback de grandes músicas e grandes sons da actualidade. Note-se que fui aldrabão agora. Ela faz playback de músicas foleiras e meio paneleiras como Dragostea Din Tei dos O-Zone, porque parou no tempo. Ou esse sou? Não interessa, continuando...
Terceiro, é uma mulher forte. A sério. Ela tem quase a minha altura e eu tenho medo dela. Consegue-me pegar ao colo. Houve uma vez que ela deu-me porrada. Mas depois arrependeu-se porque eu fiz uma falsa birra e chamei os meus pais. Vingança! - pausa para risada maléfica. Ou então não se arrependeu nada porque a resposta dos meus pais foi: primeiro, levaste tareia de uma miúda, segundo, levanta-te do chão porque não tens idade para birras. Merde, pensei eu. Estalo, levei eu, porque a minha irmã tem o talento de ler os pensamentos.
Esse é o quarto ponto - ler as mentes. Ela diz que lê. Se é verdade ou mentira não sei. Mas não vou contrariar.
Quinto, faz musculação e pratica karaté.
Sexto, é linda de morrer.
Sétimo, o possível leitor provavelmente já está a desconfiar que estou a ser demasiado simpático para quem no inicio do texto estava a "avacalhar" com a sua irmã. Bom, é fácil de explicar esta mudança de racíocinio, é que ela entretanto apareceu e desde então que me está apontar uma pistola enquanto come montes de bolachas e não partilha nenhuma comigo. Sacana invejosa. Retiro o que disse, ela atirou-me as migalhas à cara e foi se embora. Que miúda fofa.

Duarte Henriques