terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Uma Ode Redonda

Esta é uma história sobre aquele dia frio em Estocolmo.
Conheci-a na minha infância. Malmö não era o lugar ideal, bem sei, mas em ocasiões como estas o que é que isso interessa? Apesar de ser muito novo, senti algo que nunca tinha sentido e jamais voltei a sentir. A sensação da primeira vez que a vi foi indescritível, a da primeira vez que lhe toquei incomparável  Poucas palavras há para a descrever. A sua beleza reside na simplicidade, por isso simplesmente digo: ela era linda. Passados tantos anos, ainda hoje o é.
Cresci sempre junto dela. Apesar de por vezes nos termos afastado, arranjei sempre maneira de ficarmos perto. Esperei muito, desesperei ainda mais. Mas nunca perdi de vista o objectivo: por vezes esperar é uma virtude. Até que a oportunidade chegou: tinha-a convencido, a ela e a todos.
Vivemos juntos em Malmö até aos meus 20 anos. Passámos lá bons momentos, mas ambos queríamos mais. Sem nada dizermos um ao outro, ambos partimos. Mas algo se passava: Holanda, Inglaterra, Espanha, Itália... por todos os locais onde passei, lá estava ela. Ao início pensei em perseguição, a ordem de restrição já estava pronta! Mas concluí ser destino... e decidi não o combater.
Nessa altura, ela ficou a meu lado, ajudando-me nos meus sucessos, suportando-me nas minhas quedas. Ela realmente foi a minha salvação das trevas e da ruína.
Por agora, instalámo-nos em França. Não estamos tão juntos como dantes, os nossos tempos áureos foram outros. Por vezes sento-me a olhar para o horizonte de Paris. E pelo meio de todos os telhados e casas iluminadas, penso no que ainda não fizemos.
Admito, há quem te conheça melhor do que eu, quem perceba todas as tuas virtudes e manhas, desafie a tua lógica. Trouxeste-me dinheiro, fama, reconhecimento. Mas falta-nos qualquer coisa, essa centelha genial, esse momento que nos ponha na História que faça a nossa história digna de ser vista e contada. Mas esse momento chegou.
Estava noite em Estocolmo. Tinha uma sensação de que te ia encontrar e de que aquele seria o dia. Tinha razão.
Relva à nossa volta dava o cenário perfeito para a ocasião, muitos e melhores locais já tinham passado pelos meus olhos, mas aquele pareceu-me especial.
Vi-te ao longe, a tua silhueta no ar. E naquele momento lembrei-me de tudo o que nós passámos, de onde viemos e até onde estamos dispostos a ir. E percebi: estava na hora. Corri para ti como nunca, passei por tudo e todos, homens a olhar para mim como se eu fosse louco, como se não valesse a pena. Mas não se enganem, valeu.
Aproximei-me dela, ela recuou após ter levado um encontrão, esperei que ela chegasse a mim, os dois cada vez mais próximos e, naquela fracção de momento, fi-la subir aos céus. Não dei hipótese. Escusado será dizer que, posteriormente, entrou na perfeição.

Esta foi uma história sobre aquele dia frio em Estocolmo. 
Aquele dia em que eu, Zlatan Ibrahimovic, marquei um pontapé de bicicleta do catano contra a Inglaterra.

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