sábado, 8 de dezembro de 2012

O Péssimo Anfitrião

As minhas qualidades de anfitrião sempre deixaram muito a desejar.
Já foram algumas as vezes em que recebi convidados todo nu ou em cuecas. Mas também, como sou homem e daqueles bem machos, descendente de africanos, que dá os parabéns à sua mãe todos os dias pelo trabalho que fez e que não tem vergonha nenhuma de andar ao som da liberdade e do badalo de um lado para o outro não há problema. Se o possível leitor conhece-me então neste momento está-me a imaginar nu. Se não está, devia, porque sou muito giro.
No entanto, concentremos-nos no tema que vos aqui trouxe, que é o facto de eu ser um péssimo anfitrião. Como não sou parvo nenhum, ainda vivo com os meus pais. É certo que isso dá discussões constantes e imposições do género: "tens horas para chegar a casa";"estás de castigo";"bláblá";"patapati patatapá"; Chego a uma altura em que já não oiço. Enfim, pais a tentarem ser pais, tão século XX. Mas tem as suas vantagens, uma das quais é um ordenado constante por ser um bom filho. Há quem diga que é mesada e há quem diga que é só ordenado por ser um filho razoável. Eu gosto de acreditar que sou um filho fantástico. Aliás cada vez que deixo algo por fazer que devia ter feito lembro-me do Pedro Abrunhosa e da sua música "Vamos fazer o que ainda não foi feito" e urino-me a rir, por pensar "nem penses", pois sei que eles vão me desculpar e dizer: "Damn, que rico filho!".
Bom, mas voltando ao eu ser anfitrião. Não ofereço nada para comer nem para beber. Aliás, muitas são as vezes em que simplesmente apareço a comer ou a beber alguma coisa e não ofereço nada. Nunca digo "estejam à vontade" ou "mi casa es su casa" porque sinceramente, sou aldrabão mas não sou assim tanto. Não vou oferecer a escritura da casa a cada pessoa que lá entra. Ridículo.
Convido amigos cá a casa porque sei que quem paga o que é consumido ou quem limpa o que é sujo não sou eu. "Grande lata!" poderão dizer uns. E eu digo "Azar!". Mas quando os convido, não faço aquela viagem de rotina pela casa toda dizendo "Aqui é a sala, aqui é o quarto". Simplesmente abro a porta, cumprimento, fecho a porta, vou para o meu quarto e deixo os convidados desamparados e à sua mercê. "Encontrem eles o quarto ou casa de banho". O que pode ser um perigo e causar roubos. Aprendi isso da forma difícil e nunca mais vou convidar gente que não conheço de lado nenhum.
Outra das maravilhas de ter pais em casa é que podem eles entreter os convidados que eu convido. Convido convidados. Muitas são as vezes em que à mesa de jantar, simplesmente me canso e vou para o meu quarto dormir enquanto os meus amigos ficam na sala a falar com os meus pais. "Não tens medo que os teus pais contem segredos teus?" certamente perguntam. Não meus caros, eu sei coisas dos meus pais que eles não querem que ninguém saiba. É um jogo que eles nunca vão arriscar a jogar comigo.

Ass: o vosso pior pesadelo

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